João 4:4-15

Geralmente quando ouvimos falar desse acontecimento, escutamos coisa focadas em quem era aquela mulher e quão controversa foi sua interação com Jesus. Eu amo ler, entender e estudar esse ângulo, principalmente porque nos fala muito sobre a visão que Jesus tem das mulheres. Mas hoje quero propor uma atenção aquilo que Jesus faz na vida daquela mulher e que faz também com cada um de nós que o recebe.

1 – A água ofertada por Jesus é diferente. (verso 10-14)
A mulher estava buscando água para aliviar uma necessidade humana, mas essa água poderia apenas produzir um efeito passageiro e não supria as necessidades interiores dela. Foi ali que ele a encontrou, e é assim que ele nos encontra também. Mas Jesus oferece a ela água viva. Quando nos aproximamos de Jesus, o que Ele tem para nós vai além de algo que nos satisfaça por um momento, a água que Jesus nos dá tem algumas características:

• Não é obtida com esforço próprio (verso 11)

Não era preciso balde ou corda para acessar aquela água, porque não acessamos o que Cristo tem por nosso próprio esforço, pois a vida de Cristo em nós vem unicamente pela graça de Deus. Pelo decorrer dos acontecimentos, fica claro que essa água que Jesus se refere tem a ver com salvação e relacionamento com Ele. Embora nos tenhamos uma responsabilidade em zelar por aquilo que recebemos do Senhor, quer seja físico ou espiritual, nosso esforço é completamente inútil para nos salvar e para nos fazer ter nova vida.

• É superior ao que matou nossa sede no passado, ou ao qualquer outra coisa que se proponha a isso (verso 12)

Sei bem o que é procurar preenchimento com coisas deste mundo. Elas não cumprem esse papel. Mas, muitas vezes acreditamos que por já sermos salvos estamos livres de buscar contentamento em outros lugares. O que não é verdade. Redes sociais, aprovação, amizades, casamento, essas são apenas algumas coisas que buscamos licitamente, mas que podem estar tentando cumprir o papel que apenas a presença de Cristo em nós pode cumprir. Embora nenhuma dessas coisas seja ruim ou errada, a forma como lidamos com elas e o lugar em que as colocamos em nossas vidas podem sim ser errados.

• Ela se torna uma fonte inesgotável (verso 14)

Diferente das coisas momentâneas e passageiras, quando bebemos da vida de Cristo, nasce em nós uma fonte inesgotável. Esse é o nosso segundo ponto.

2 – Quando bebemos da água de Cristo ela faz brotar em nós uma fonte inesgotável. (verso 14)
A Bíblia nos diz que quando nascemos de novo, somos feitos templo do Espírito Santo e morada de Deus. (João 14:23/ II Coríntios 6:16). Podemos entender que essa fonte é o próprio Espírito, habitando em nós e fluindo constantemente, me fazendo um com Jesus.
Na verdade, apenas alguns capítulos a frente podemos ver Jesus declarando que ao crermos Nele, teremos rios de água viva (João 37-39). Quando comecei a me dedicar ao relato da mulher samaritana, uma das coisas que me veio a mente, foi a nascente que meu pai tinha no sítio que ele comprou quando eu era criança.
Aquela nascente (ou fonte) valorizava a propriedade do meu pai, porque ela trazia muitos benefícios para o local aonde estava. No entanto, se ele ignorasse o fato de que sua propriedade tinha uma fonte, ele não conseguiria obter esses benefícios.
Quantas vezes vivemos nossa vida cristã completamente alheios ao fato de que estamos unidos com o Senhor, de que Ele habita em nós e de que temos acesso a sua presença de maneira contínua, inesgotável e viva?
Quando vivemos de maneira inconsciente da fonte dentro de nós, vivemos uma vida seca, aquém do nível de comunhão, intimidade e santidade que o Senhor tem para nós. Não basta ter recebido essa fonte, é preciso ter consciência da constante presença de Deus em nós. Mas porquê? Isso nos leva ao terceiro ponto.

3 – Quando Jesus coloca em nós fontes, elas tem duas funções (versos 29-30/39)
• Essa fonte está em nós, para nosso próprio benefício (verso 29)

Como aquela nascente trazia muitos benefícios para as terras do meu Pai, a presença viva do Espírito em nós, é essencial para nossa vida cristã. Dentre outras coisas, é a presença de Deus em nós que nos dá acesso a água fresca. No relacionamento contínuo com Jesus, conscientes de Sua presença e união conosco podemos sempre ser saciados. Nessa dinâmica, toda vez que nos achegamos a Deus somos saciados, restaurados, curados, encorajados e recebemos o que necessitamos para viver uma vida reta. Percebemos que ao receber a água que Jesus tinha, essa mulher foi transformada e ela deixou para trás a maneira que tinha de buscar outro tipo de água.

• Essa fonte está em nós, para abençoar em outros.

A nascente do sítio do meu pai nos dava água sempre fresca, não contaminada, mas também abastecia outros sítios perto dele. Isso também aconteceu com a samaritana. Nos versos 29, 30 e 39 vemos que a fonte de águas vivas que brotou nela, imediatamente transbordou para outros.

Acredito que essa é a expectativa de Deus quando nós também recebemos em nós sua presença como uma fonte. Quando entendeu que de dentro dela agora fluía uma fonte, ela permitiu que isso não apenas a mudasse, mas afetasse também tudo ao seu redor e abastecesse outros.

Temos uma responsabilidade quando recebemos Cristo que é conservar nosso acesso a fonte. Estando conscientes e sensíveis a sua morada em nós e permitir que ela não se torne um poço que serve aos nossos próprios interesses, mas que flui e encontra outros, até que eles mesmos recebam dessa água viva.

Talvez seria mais fácil para meu pai colocar barreiras que certificassem que aquela água maravilhosa permanecesse apenas no nosso sítio, mas a verdade é que o entorno a sua propriedade morreria.

Do que nos adianta ter o fluir em nós, se isso não no sensibiliza para a sede de outros ao nosso redor. Nossa fonte primeiro encharca nossa terra, inundando cada aspecto de nossa vida, até que não podemos impedir que ela transborde sobre o que nos cerca.